Finalmente conseguimos trazer o ensaboado poeta e cineasta Beto Carminatti para delirar conosco. Beto nos brindou não apenas com seus filmes, mas também com duas garrafas de vinho e algumas pérolas de valor inestimável.
Nicole Lima, que deveria ser investida pela prefeitura como a escrivinhadora oficial das lembranças que deveríamos ter, cumpriu o seu papel e publicou no Zine 07 do Paralelo, o seguinte depoimento:
"Não resisti e anotei algumas coisas soltas que o Beto Carminatti deixou de presente pra nós, além de Delirium Dreams, que eu nunca mais vou esquecer".
Pérolas do Beto (um vulcão adormecido, sonha com o fogo): “A minha obra tem algo irracional, um saber que é anterior a mim. isso não me faz um imbecil. Seria explicar como eu respiro, eu não saberia responder. Tem uma frase do Godard que é perfeita: ‘todos os grandes filmes de ficção tendem ao documentário, como todos os grandes documentários tendem à ficção. (…) E quem opta a fundo por um encontra necessariamente o outro no fim do caminho’. Eu sou muito distraído. Eu tenho consciência social, mas eu não tenho peso de consciência social. Eu não faço cinema pra responder às coisas racionalmente, talvez eu faça porque gosto de mulher. Uma vez perguntarma pro Felini: ‘É verdade que você improvisa o tempo todo?’ e ele respondeu: ‘É, mas antes eu ensaio bastante’. Você deve fazer uma coisa quando deseja fazer, naturalmente. Eu tenho essa humildade, eu domo o meu argentino muito bem. Eu odiaria fazer um filme estúpido, mas filme ruim eu não tenho medo de fazer não. Você tem que ser apaixonado, o filme tem que ser o patrão. Estar num set de filmagem para um diretor é uma solidão magnífica. Você está cercado de pessoas e sabe que está sozinho.”
(foto Nicole Lima)
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